Mãe? Quem, eu?

Então, para aqueles que me conhecem a um bom tempo, sabem o quanto escrever é importante pra mim. Aos que me conhecem pouco, fiquem sabendo, escrever é libertar-se.

Não teria sentido se não desse uma nota sobre esse momento da minha vida. Estar gravida, ser mãe aos 21 anos... Quem diria né? Ninguém diria.

Engraçado, sabe a cara que fizeram quando ficaram recebendo a notícia ou a fofoca?  Então, quando descobri também pensei, "capaz, é mentira",  "será que é verdade mesmo". Mas quando tive certeza foi diferente. Óbvio que tive mil piripaques, chorei, não aceitava, me decepcionei comigo mesma, senti vergonha, disse que jamais iria sair de casa com barriga de gravida. Evitei publicar algo nas redes sociais, pedi a família e amigos que também evitassem. Me reservei ao máximo para evitar constrangimento. Claro que aos 21 anos, eu sendo mãe, que tanto dizia que não daria netos aos meus pais. Que falava de quem tinha filho cedo. Olhava para gravidas com receio. Julgava algumas pessoas. Julguei mesmo.

Aos poucos fui aceitando a gestação, aceitando que mais pessoas ficassem sabendo, aceitando publicar algo nas redes sociais. Usei roupas largas para que não me olhassem com curiosidade. Mas sempre tem a véiarada que sabe disfarçar quando olha pra gente né.  Dão aquele 'oi' olhando reto pra barriga e depois pra cara da gente. E como, esbanjo simpatia e educação, já dizia, 'estou de tantos meses' com aquele sorriso sarcástico maravilhoso que deixa qualquer pessoa sem jeito. Falava mesmo. E sugiro que façam o mesmo quando se encontrarem na mesma situação que a minha.

Foi constrangimento misturado com desgosto e vergonha. No início não é fácil, não pra quem não espera né. Fiquei mais surpresa que muita gente.

Se não me cuidei? Me cuidei, mas acontece né. Quem ta na chuva se molha. Paciência.

A segunda fase foi uma maravilha, tu planeja mil coisas, começa a ver vídeos, entra em lojas de bebê, e até gosta. Compra uma coisinha e outra. Faz planos. Aceita tirar fotos e até publica alguma coisa sobre ser mãe. Instinto de mãe? Eu? hahahaha. Pois é, acredito que isso seja desenvolvido com o tempo. O Renan exercendo o papel de pai, sério, comprometido e tudo mais... Também nos questionamos sobre isso. Mas ele tem mais jeito que eu. Começando por adorar crianças, ele ama. Ele brinca, tem paciência, apronta, inventa moda, dá ideia, conta história, se diverte. Leva xingão junto com as crianças. Ele vai ser um ótimo pai. E disso eu tenho certeza. Agora se eu vou ser uma mãezona? Pretendo. Espero que até ela ter dentes, eu saiba fazer mais que arroz, bife e fritas.

Hoje estou de 36 semanas e 6 dias. Já estamos no dia 27 de março, e ela nasce dia 6 de abril. Só agora criei coragem pra escrever algo a respeito. Ainda sou muito nova, não terminei minha faculdade, nem cheguei na metade. O Renan também não. Esse semestre não pegamos cadeira. Estamos nos preparando pra receber ela. Sim temos emprego, saúde, uma família maravilhosa que está sempre disposta a fazer o impossível por nós. Escolhemos os melhores padrinhos para a Geórgia. Que deram todo o apoio e estão ajudando em tudo, não nos deixam na mão, ensinaram muitos valores para nós e são os melhores amigos que temos. E serão os melhores padrinhos para ela.

A Gegê vai ter pais jovens, que talvez dividam a mesa para estudar junto com ela. Que pretendem fazer o impossível para que ela cresça saudável, forte e feliz. Que certamente vão se quebrar para dar tudo do bom e do melhor.

Hoje lembramos de quando éramos pequenos. Que queríamos o melhor tênis, o brinquedo mais caro, a roupa da moda. Lembramos quantas vezes ficamos sem algo que tanto queríamos e quer saber? Nunca, porque nossos pais moveram montanhas por nós. E hoje o mínimo que o Renan e eu queremos, é tentar ser metade do que nossos pais foram pra nós.

Se estamos felizes em ser pais cedo?

Sim estamos!